Telefone sem fio

Clara tinha apenas 18 anos quando sentiu, pela primeira vez, aquilo que vinha a ser uma constancia em sua vida. Roberto tinha 18 anos quando sentiu, pela primeira vez, aquilo que vinha a ser uma constancia em sua vida. Depois do ocorrido, Clara ligou correndo para Samanta, que logo apos ligou para Claudia, que ligou para Lucas, que ligou para Marcos, que por sua vez, ligou para Roberto.
A história se passou da seguinte forma:

Interna, centro da cidade, loja de calçados.

– Quero está sandalia. – Diz a moça.
– Como prefere pagar moça? – Responde o atendente.
– Cartão por gentileza.
– Pode se dirigir ao caixa por favor.

Foi ali que tudo começou. Ao chegar ao caixa, Clara se depara com Roberto. Seus olhos se encontram e por alguns segundos o tempo parecia que tinha parado. Ela sentiu as pernas tremerem, o coração palpitar, essa foi a única garantia de que ainda estava viva. Roberto se perdeu por um instante e não conseguiu nem ser cordial com a linda jovem que se encontrava em sua frente. Sua vontade era de eternizar aqueles segundos para sempre. De uma maneira um pouco estrambelhada ele disse:

– Bom dia! Cartão? – Indaga a moça
– Não, mas te passo o telefone e você anota aí.
– Me refiro a forma de pagamento moça. – Roberto não acreditou que deixou passar esta oportunidade, ele estava com o telefone da linda moça ao seu alcance e perdeu por pura insesibilidade de captar a mensagem.
– Ah, desculpa. – Respondi Clara envergonhada, mas pelo momento, acreditava ela ser tudo reciproco.

O resto da cena se passa num silêncio ensurdecedor. Roberto não conseguia acreditar que deixou escapar por entre os dedos a chance de ter o telefone da menina mais linda que ele já conhecera e Clara estava super envergonhada por ter tido a impressão de que foi muito oferecida.
Após a compra, na saída da loja, Clara rapidamente pega seu telefone e liga para sua grande Samanta:

– Alô, amiga? Você não faz ideia do que aconteceu… – Conta a história.

Samanta, para não perder a fofoca liga para Claudia:
– Cau amiga, você não sabe. A Clara foi comprar uma sandalia hoje e deu em cima do rapaz do pagamento, disse que o coração começou a palpitar as pernas tremerem. (…) Não, acho que não era as delas, as do rapaz. É. Disse que ele quase morreu. Que ela ficou morrendo de vergonha e nem lembra o nome dele…

Claudia sem perder a chance liga pra Lucas:
– Lucas, bem que você me falou. A Clara está um perigo. Passou numa loja de sandálias hoje só pra dá em cima de um menino, o coitado ficou sem reação, lógico né? O coitado no ambiente de trabalho. Disse que tremeu as pernas, suou frio, coração quase para, teve princípio de infarto, saiu de lá quase morto. E depois disso tudo, ela não sabe nem o nome do rapaz. Ela fez o que será com ele, pra isso tudo acontecer?

Lucas por sua vez:
– Marcão? Moço, lembra da Clara do colégio? Você não sabe o que ela aprontou. Foi no centro atrás de homem. Encontrou um cara numa loja de sandálias e já foi dando em cima dele. Nem comprou nada, já chegou oferecendo telefone, o coitado acho que era gay, disse que começou a suar, tremer as pernas, teve que ligar pra emergência pra buscar o cara que já estava com principio de infarto, quando ela percebeu o que estava causando saiu que nem perguntou o nome do rapaz… O que será que ela fez com ele?

Marcos, finalizando, liga pra Roberto:
– Roberto? Rapaz, sabe uma loja de sandálias ali no centro? É, deve ser a que você trabalha. Eita, então você deve ter visto a história toda. Fiquei sabendo que foi uma menina lá hoje e deu em cima de um rapaz, o cara começou passar mal, tremer as pernas, saiu de lá carregado pela emergência com princípio de infarto… Roberto? Roberto?

~ por Artur Leite em agosto 14, 2009.